quinta-feira, 29 de novembro de 2007

.::O que Google, Microsoft e Yahoo sabem de você!::.

Estava eu navegando pela internet, e encontrei esse texto:


Ana tem 19 anos e está cursando o primeiro ano da faculdade de direito na Universidade de São Paulo. Loira, de olhos verdes, namora Beto há dois anos e é a melhor amiga de Flávia, com quem estudou no Colégio Bandeirantes, em São Paulo. Nas horas vagas, pratica equitação e não perde um filme de Almodóvar. Mora nos Jardins e trabalha no Centro, em uma ONG de defesa dos direitos humanos.

Não é preciso ser amigo de Ana para saber nada disso, nem sequer conhecê-la pessoalmente. Basta fazer uma busca. Assim como nós, o buscador pode até não saber nada sobre Ana - veremos mais à frente que, na verdade, ele sabe. Mas a diferença é que ele sabe onde procurar - redes sociais, blogs, álbuns de fotos, sites de vídeos e todo um acervo de dados pessoais que se acumulam dia após dia pelos quatro cantos da web.

Em outras palavras, tudo aquilo que descobrimos sobre Ana teria sido ela mesma que nos contou - não fosse Ana um personagem fictício. O buscador simplesmente cumpriu o seu papel de facilitador e nos levou até ela. “Quanto mais eficaz for o buscador, mais facilmente ele vai encontrar as informações que o usuário disponibilizou na web”, diz o diretor de produtos do Yahoo! Brasil, Fabio Boucinhas. É assim que as empresas de buscas em geral encaram o uso das suas ferramentas para a procura de informações pessoais.

“A privacidade depende muito menos dos mecanismos e muito mais das próprias pessoas”, opina Priscila Alves, gerente de marketing e serviços do grupo de operações online da Microsoft no Brasil. O que a executiva defende é que, assim como um usuário não conta a qualquer um qual é o seu endereço ou em que colégio estudam seus filhos na vida real, ele deve ter cautela com aquilo que fala sobre si nos domínios virtuais.

A diferença fundamental é que, enquanto uma informação deste tipo compartilhada no mundo físico está restrita a um círculo de pessoas fisicamente próximas, os dados publicados na web estão ao alcance de mais de 1 bilhão de internautas em qualquer lugar do planeta. E, com a ajuda de um buscador, estão potencialmente a apenas um clique de distância.

Ainda assim, Felix Ximenes, diretor de comunicação do Google no Brasil, defende que se o usuário for cauteloso e seguir todos os passos para proteger suas informações pessoais na web, as chances de alguém mal-intencionado localizá-lo são muito maiores no mundo real que no virtual.

“É muito mais fácil descobrir coisas sobre mim ligando para a minha casa e perguntando à minha filha do que buscando na internet”, defende Ximenes. “O jeito mais fácil de conseguir informações é pelas pessoas, não pelos sistemas”, acrescenta.

Para testar quanto é possível saber sobre alguém buscando seu nome no Google, fizemos uma pequena experiência. Três pessoas da equipe do IDG Now! indicaram cada uma delas o nome de um amigo que consentiu suasa informações fossem buscadas pela web.

Uma quarta pessoa, que não conhecia nenhum dos nomes sugeridos, iniciou a pesquisa nos buscadores. Em poucos cliques foi possível descobrir que um dos “investigados” era um advogado que pensou em tentar a carreira diplomática, mas acabou como responsável jurídico por uma grande companhia na área de bebidas. O segundo “pesquisado” revelou-se um profissional da área de biologia, com graduação e doutorado pela Universidade de São Paulo.

Nos dois casos, foi possível levantar telefones, endereços de e-mail e históricos profissionais - confirmados por quem forneceu os nomes - a partir dos buscadores. A busca pelo terceiro nome, contudo, não trouxe resultados conclusivos, provando que, de fato, nem todo mundo é “buscável”.

Mas engana-se quem acha que o que o que Google - ou qualquer outro buscador - sabe sobre qualquer um de nós se limita às páginas de resultados exibidas na tela do computador. O acervo de informações armazenadas pelas empresas de busca pode ser muito mais vasto e revelador, como demonstrou o polêmico caso da AOL.

Em agosto de 2006, a empresa tornou públicos registros de buscas feitas por 650 mil usuários por meio do seu mecanismo. Embora não tenha identificado diretamente os autores das buscas, a companhia agrupou todas as pesquisas feitas por um mesmo usuário sob um número único.

A partir do conteúdo das buscas, o The New York Times (http://www.nytimes.com/2006/08/09/technology/09aol.html?ex=1312776000&en=f6f61949c6da4d38&ei=5090&partner=rssuserland&) não teve dificuldades em localizar na vida real Thelma Arnold, de 62 anos, autora de buscas por “solteiros de 60 anos” e “cachorros que fazem xixi em qualquer lugar”.

Assim como as buscas da simpática senhora norte-americana, cada pesquisa que você faz em um buscador fica armazenada nos servidores das empresas de buscas. Cada vez que você faz uma requisição ao buscador, ele coleta e registra informações sobre esta busca.

Tabela dos buscadores: http://idgnow.uol.com.br/idgimages/ilustras_reutilizaveis_idgnow/internet/tabela2.jpg

Os dados armazenados incluem o seu endereço IP, número atribuído pelo provedor que permite identificar o seu computador. Esse número, que funciona como seu endereço na internet, não diz exatamente quem é você. Mas o seu provedor pode identificá-lo a partir dele, mediante, por exemplo, uma ordem judicial.

Além do endereço IP, o buscador armazena no mesmo “pacote” o termo que você buscou, a data e horário da busca e o registro de cookie, um arquivo que os sites instalam no seu navegador para armazenar determinadas preferências - como seu idioma principal - e comportamentos.

Na teoria, estes registros funcionam como base de pesquisas para os buscadores, para que eles possam identificar tendências e segmentações, sem prejuízo à privacidade dos usuários.

Porém, na prática, essa base de dados está ao alcance de governos e mesmo de indivíduos que consigam autorização para acessá-la, segundo a entidade de defesa dos direitos digitais Electronic Frontier Foundation (EFF). “Se há informação, há sempre a chance que a lei chegue até ela”, opina Rebecca Jeschke, coordenadora de relações com a mídia da EFF.

Embora as companhias de internet tenham se comprometido a reduzir o prazo de manutenção dos dados, hoje os logs de buscas ainda são armazenados por um período mínimo que varia de empresa para empresa - 13 meses no caso do Yahoo e 18 meses no caso do Google e da Microsoft.Após esse período, os registros não são apagados, mas se tornam anônimos. Em geral, as empresas eliminam o endereço de IP e os cookies do log, ou pelo menos apagam parte deles. “O ideal seria que nenhuma informação fosse armazenada por uma hora sequer”, argumenta Jeschke. “Mas se as empresas fossem mais transparentes em relação ao que fazem com os dados dos usuários já seria um avanço”, reconhece ela.

As preocupações em relação à privacidade, contudo, não terminam na forma como as empresas tratam os registros de buscas, simplesmente porque as empresas de busca são muito mais que empresas de busca.

E-mail, mensagem instantânea, rede social, blogs, busca no desktop, serviços de foto e vídeo, em suma, todos os repositórios de informações pessoais mencionados no início desta reportagem como a fonte para descobrir quem é quem e quem faz o que na web estão sob o controle destas mesmas empresas.

Tabela 2 (O que buscadores controlam): http://idgnow.uol.com.br/idgimages/ilustras_reutilizaveis_idgnow/internet/tabela1.jpg

O resultado dessa equação é que cada nova ferramenta que o internauta incorpora ao seu dia-a-dia diz mais às empresas de internet sobre ele. Isso não é necessariamente ruim para o internauta. Cada nova informação pode tornar a experiência do usuário com os serviços mais rica, intuitiva e personalizada.

“Se o usuário faz uma busca por Java, pode ser que ele esteja buscando a ilha do Pacífico ou o café. Mas se o buscador entender que o que interessa a ele é a linguagem de programação, quando o usuário procurar AJAX, ele vai deduzir que ele não quer o produto de limpeza ou o time holandês”, exemplifica Ximenes, do Google, explicando o funcionamento dos cookies.

Porém, nada além da própria palavra das empresas garante que esses dados serão utilizados apenas em benefício do usuário. “Me preocupo com a quantidade de informação que o Google está acumulando. Nem toda empresa continua pura para sempre”, alertou um dos gurus da web, John Battelle, em entrevista ao IDG Now!

O argumento de que os dados são sigilosos pode ser pouco confortante quando o usuário se depara com uma propaganda de sex shop em um e-mail que trocou com a namorada com detalhes sobre o programa do último final de semana. Sejam homens ou sejam máquinas, fica claro que alguém está lendo a sua correspondência.

Para Jeschke, da EFF, essa é o momento em que estão sendo definidos os limites entre privacidade e conveniência, entre custos e benefícios, entre os perigos e as maravilhas da web.A própria defensora dos direitos digitais reconhece, no entanto, que o caminho é sem volta. “É difícil dizer para as pessoas: ‘não use o Google’. Eu uso o Google, você usa o Google, não dá para imaginar a internet sem o Google. Mas é preciso estar atento para minimizar os riscos”, conclui.


Fonte: IDG Now
http://idgnow.uol.com.br/internet/2007/10/30/idgnoticia.2007-10-30.0691230860/

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